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sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Serviço via internet grava imagens da floresta amazônica

Pela primeira vez, as câmeras do Google chegam às entranhas de uma floresta. Por enquanto, o trecho mapeado terá apenas 50 quilômetros ao longo do rio Negro. População ribeirinha está ajudando a captar as imagens.

 

 

O serviço via internet, que permite simular uma caminhada pelas ruas de cidades do mundo, chegou agora à floresta amazônica -- é a própria população ribeirinha que está ajudando.
Um lugar onde o tempo passa devagar. Tão longe que as crianças assistem aulas via satélite. No local, os animais de estimação não são bem os que a gente conhece e ninguém se surpreende quando um homem e um passarinho batem papo.
O exotismo das comunidades isoladas no coração da Amazônia logo estará ao alcance de qualquer um, via internet.
“Hoje em dia é canoa, é caça, é pesca, um projeto assim inovador. É uma coisa que assim, a gente se assusta um pouco”, diz o técnico agrícola, Cleudilon Silveira.
Pela primeira vez, as câmeras do Google chegam às entranhas de uma floresta. Se na área urbana, as imagens são captadas de carro, na selva o equipamento se equilibra em três rodas com pneus de mountain bike.
O triciclo percorre as vilas ribeirinhas, com suas paisagens insólitas. Na mata fechada, onde nem ele entra, as fotos são feitas com um tripé. Só estando no local para ouvir o som da Sapopema.
Mas a imagem e a localização da árvore, que serve de comunicação na floresta poderão ser conferidas por qualquer um na internet.
As imagens do espelho d'água e da mata também poderão ser vistas pelo mundo inteiro. Só que no rio Negro o triciclo com as câmeras vai em cima do barco, rasgando os rios da região, para garantir o ponto de vista de quem passeia por essa enorme reserva de água doce.
Por enquanto, o trecho mapeado terá apenas 50 quilômetros ao longo do Rio Negro, entre as comunidades de Terra Preta e Saracá, no município de Iranduba, no Amazonas.
Por onde passa, a traquitana tecnológica desperta olhares curiosos. O equipamento do Google tem nove câmeras: oito laterais e uma no topo, direcionada pro alto. Elas tiram fotos simultâneas a cada dez, 15 metros. Nas laterais e na frente, raio laser. Com o feixe, é possível saber a que distância o cenário está da câmera. O GPS dá a localização exata da paisagem fotografada.
As imagens são monitoradas em tempo real para evitar surpresas. “Pode ser que mosquitos fiquem nas lentes, então tem que subir pra limpar. Nesse caso a gente tem que repetir, porque a gente quer ter o máximo todo o percurso do rio com boa qualidade de fotos”, explica a coordenadora do Street View na América Latina, Karina Andrade.
A ideia é que depois das primeiras semanas, os próprios moradores da região operem os equipamentos. “Pretendo fotografar a floresta, as trilhas e botar no computador que é uma riqueza que nos temos aqui e que nós podemos mostrar para o mundo inteiro”, fala o líder comunitário, Roberto Brito de Mendonça.
As imagens captadas na floresta são processadas num prédio em Belo Horizonte, a mais de três mil quilômetros de distância. No centro de desenvolvimento do Google na América Latina, elas passam por vários tratamentos, antes de aparecerem na tela do seu computador.
Um programa junta as informações do GPS, das câmeras e do laser e mostra no mapa o trajeto percorrido. As imagens - de nove ângulos diferentes - viram uma única foto - que projetada numa esfera, cria a sensação de três dimensões.
“É como se fosse uma bolha de 360 graus que o software processa e coloca todas essas bolhas lá de forma que ao utilizar o Street View você tem a impressão que você esteja no lugar que a câmera estava”, diz a engenheira de software do Google, Lara Coelho.
O programa borra automaticamente os rostos das pessoas. Na Amazônia, o compromisso é mostrar apenas as casas autorizadas pelos proprietários.
De repente o isolamento vai virar superexposição. Os efeitos dessa divulgação no mundo inteiro ninguém sabe ao certo, mas a comunidade está esperançosa com a tecnologia.
A expectativa é receber mais turistas quando as fotos forem publicadas, dentro de alguns meses. Pousada o lugarejo já tem e até o artesanato feito com garrafas pet vai ficar conhecido.
“No momento em que você valoriza a cultura de um povo você aumenta a autoestima porque ele começa ser visto como alguém que também tem talento, e também tem oportunidade de mostrar o que sabe fazer”, fala a professora Izolena Garrido.
O convite para as câmeras do Google partiu de uma Ong, a Fundação Amazonas Sustentável, que tenta aliar desenvolvimento com preservação da floresta.
“Ao conectar o mundo do beiradão, tradicional, com o mundo da mais alta tecnologia do mundo, nos criamos novas oportunidades, geração de riqueza, com muito pouco ou quase nada de impacto ambiental”, fala o superintendente da Fundação Amazonas Sustentável, Virgílio Viana.
Mas o que o Google ganha com isso? A americana responsável pelo projeto, Karin Tuxen Bettman, diz que esse é apenas um dos projetos do Google no mundo em parceria com Ongs e que o objetivo é permitir que as pessoas viajem para lugares que elas não teriam oportunidade de visitar.
"Espero que outras pessoas venham olhar, andar na mata, navegar no rio, talvez caminhar um pouco pela comunidade e ajudem a conservar a floresta".
Uma coisa é certa: meninos e meninas farão parte de uma geração em que a terra natal não será mais vista como o fim do mundo. Mas como um ponto no mapa para onde convergem os olhos do planeta.

 fonte:http://g1.globo.com/jornal-da-globo/noticia/2011/09/servico-internet-grava-imagens-da-floresta-amazonica.html

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